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Foto do escritorAdriana Dias Titton

Um dos presentes mais belos que a Vida me deu

Atualizado: 8 de set. de 2020

Gosto muito de como novos aspectos da vida vão se revelando para nós. A impressão é que as experiências que vivemos vão, de alguma foma, se organizando silenciosamente em nós até o momento em que amadurecem e "subitamente" desabrocham como uma nova "descoberta". Assim aconteceu para mim, há algumas semanas, um novo insight sobre o processo de "tornar-se terapeuta".


O entendimento de que esse é um processo contínuo, eterno e profundamente interdependente do nosso próprio processo de busca e desenvolvimento pessoal já estava claro para mim. Como definir, então, que aspecto dessa experiência me pareceu tão nova desta vez?


A grande revelação foi que, sendo meu "ser" (corpo-mente-alma) meu instrumento de trabalho, ele é também a "lente" através da qual eu percebo meus clientes. Portanto, se meu corpo está desorganizado, desalinhado, tenso, desconfortável ou desequilibrado em algum nível, isso vai se tornar um ruído na minha capacidade de perceber e sentir o que está acontecendo no corpo do meu cliente. Porque, no trabalho corporal, é muito presente e importante a conversa que ocorre de corpo para corpo, através dos sentidos, entre o terapeuta e cliente. Por exemplo, o corpo do cliente pode sentir a tensão do terapeuta e se retrair para se proteger ou, por outro lado, pode relaxar ao sentir um toque que transmite a mensagem para seus receptores de que está tudo bem, que ele está em um ambiente seguro. O terapeuta, por sua vez, se estiver em um estado de presença e abertura, pode sentir para qual direção e em que intensidade fazer um toque, "ouvindo" com as mãos e todo o seu corpo o que o corpo do seu cliente está pedindo, ou pode "atropelar" e até machucar seu cliente, caso não esteja aberto e sensível para essa escuta. E quanto mais descubro sobre meu próprio corpo, como terapeuta, sobre meus padrões, minhas tensões e experimento caminhos para que meu corpo esteja cada vez mais integrado e sensível para essas trocas no contato com as pessoas, mais límpida percebo que vai ficando essa minha lente, esse meu instrumento de trabalho. E isso vai me permitindo enxergar, ouvir e sentir mais e melhor, com mais sensibilidade e, por consequência, agir cada vez mais em alinhamento com o que os meus clientes necessitam.


Isso que comentei acima, que acontece no nível físico, também percebo no nível mental (dos pensamentos) e de alma/espiritual (de conexão com uma essência que vai além do humano e do natural - essa sei que é um pouco mais polêmica e, para mim mesma, uma experiência bastante recente e ainda difícil de definir em palavras). Por exemplo, se vou atender e estou em um estado de muita agitação mental, com muitos pensamentos e preocupações, percebo que isso tudo faz muito ruído e interfere na minha capacidade de estar presente, em mim mesma e com meu cliente. Por consequência, minha sensibilidade e minha capacidade de trabalho naquele momento ficam prejudicadas. Por outro lado, se consigo me acalmar, me sentir centrada e presente em mim mesma novamente, percebo que essa quietude me permite novamente uma qualidade muito maior de conexão e trabalho com a pessoa que está diante de mim.


Então, mais do que nuca, percebo que, para nos tornarmos terapeutas cada vez melhores, precisamos de muito boas ferramentas. Técnicas e métodos de trabalho? Sim, certamente são ferramentas importantes. Mas, tão ou mais importantes quanto, somos nós mesmos como instrumento - quem somos e quem nos tornamos a partir de nossas buscas e experiências de vida. E é um privilégio precioso para mim, que meu trabalho (e a relação com as pessoas que tenho a oportunidade de conhecer e ajudar) e minha vida sejam processos que vão caminhando lado a lado, nutrindo um ao outro. Um dos presentes mais belos que a vida me deu!


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