No Prefácio de seu livro "Rolfing: a integração das estruturas humanas", Ida P. Rolf nos apresenta sua visão do Rolfing - Integração Estrutural como um caminho que nos permite voltar a ter um corpo mais organizado, com mais vitalidade, que nos proporciona mais equilíbrio emocional e, assim, nos possibilita desfrutar de uma vida mais plena.
Que tal entender um pouco mais desta visão, a partir de suas próprias palavras? Seguem trechos extraídos do texto citado acima (grifos meus):
"Como em toda matéria organizada em unidades biológicas, há um padrão, uma ordem, no corpo humano. Os seres humanos podem mudar em direção à organização ou se distanciar dela. (...) Queremos dizer que os corpos - os corpos físicos e carne e osso - são surpreendentemente um meio plástico, que pode mudar rapidamente para uma estrutura que seja mais ordenada e portanto mais econômica em termos de energia.
A Integração Estrutural é um sistema que induz à mudança para um padrão organizado. (...) A chave para toda experiência de vida é o movimento; na estrutura humana segmentada, o movimento é expresso através das articulações. Nos humanos, o componente miofascial determina o funcionamento da articulação. Assim, mudando-se a miofáscia e trazendo-a em direção à normalidade, o profissional de Integração Estrutural evoca um movimento mais normal (no nosso sentido da palavra).
(...) Apesar da ilusão de unidade, de elementaridade criada pela fáscia e pela pele que a envolve, um corpo humano é efetivamente um complexo, uma consolidação de segmentos, cuja pedra angular é a pelve. (...) A integração bem sucedida, significativa, depende das relações adequadas entre os componentes do corpo no espaço.
(...) Para a pessoa que recebe a manipulação, a mudança de energia é ainda mais impressionante; no trabalho ou no esporte, esta passa a gastar menos sua reserva vital.
A forma e a função são uma unidade, duas faces da mesma moeda. Para melhorar a função, a forma apropriada deve existir ou ser criada. Um brilho jovial de saúde só é atingido quando o corpo está mais próximo de seu padrão inerente. Esse padrão, essa forma, essa ideia platônica é a matriz para a estrutura. Por sua vez, a função dessa estrutura mais apropriada é a vitalidade (...).
Para a maioria das pessoas no mundo, o corpo-padrão foi perdido ou não está mais visível. Por isso, em nossa cultura, o reconhecimento do que é um corpo-padrão ideal é pequeno ou nulo.
(...) Na pessoa comum, o padrão desapareceu sob as camadas de desordem da carne. (Não me refiro à gordura - isso é um problema diferente.) (...) As pernas parecem muito grandes (ou muito pequenas) para o tronco; os braços parecem apresentar a mesma desproporção. A parte superior do corpo pode parecer muito pequena (ou muito grande) para a parte inferior; o abdome pode parecer muito grande (ou ocasionalmente muito pequeno) para o tórax. O tronco não está equilibrado sobre as pernas: ficando para trás, tem que se esforçar para manter-se junto a elas quando elas andam. O abdome pode projetar-se para frente do corpo, obrigando as pernas a se apressar para conseguirem ficar debaixo dele. O pescoço e a cabeça podem estar uns quinze centímetros à frente da posição que a gravidade e o bom senso determinam como apropriada.
(...) Se função e forma são realmente uma só coisa e se a fisiologia realmente reflete a forma estrutural, esse retrato de estrutura desorganizada é um triste comentário sobre o bem-estar do ser humano. Não é preciso ir mais longe para perceber que a 'realidade' da vida para essas pessoas é um tanto dura. (...) A medicina do século vinte, que já fez tantos milagres, vem sendo orientada quimicamente e não estruturalmente. Por isso a mente leiga pensa na Química como o único meio significativo de curar: uma droga para isto, uma injeção para aquilo. Mas qualquer espelho ou fotografia mostraria que grande parte dos problemas é uma questão de estrutura, de Física - de um corpo tridimensional muito mal ajustado dentro de um universo material maior (a Terra), que tem seu próprio campo de energia (gravidade). Deve-se buscar auxílio nos termos do problema: na física das relações espaciais, do homem em seu ambiente, do homem como um todo no campo de energia da Terra, na gravidade. E é possível encontrar ajuda. A guerra interna pode terminar em uma paz duradoura.
(...) Resposta emocional é comportamento, é função. Todo comportamento é expresso através do sistema músculo-esquelético. Toda função é uma expressão da estrutura e da forma e tem uma correlação direta com a estrutura material.
(...) Mas um homem que busca a integração da estrutura do seu corpo experimenta o elo básico que existe entre a estrutura e a emoção. À medida que caminha em direção ao equilíbrio estrutural, percebe que seu aspecto psicológico também está mudando. Para sua satisfação, consegue sentir que seus problemas psicológicos são verdadeiros espinhos na carne, que só desaparecerão na medida em que a carne mudar, na medida em que as barreiras dentro da carne forem derrubadas e na medida em que for estabelecido o livre fluxo da energia do corpo e seus fluidos."
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