Você já parou para observar seus pés?
Tenho sempre a impressão de que, cada vez mais, vemos nossos pés como uma parte menos "nobre" e menos bela do nosso corpo. Fechados dentro dos sapatos, cada vez mais cedo, deixamos de ter a experiência do contato direto dos pés no chão, da sua capacidade para adaptar-se aos mais diferentes terrenos e, acima de tudo, oferecer um suporte seguro para nosso corpo. Como consequência, nossa organização corporal, nossa postura, nossos movimentos e nossa sensação de estabilidade podem ficar prejudicados.
Que tal, então, descobrir um pouco mais sobre essa parte tão importante do nosso corpo: nossos PÉS?
Na visão de Ida P. Rolf ("Rolfing: a integração das estruturas humanas"):
"O equilíbrio do corpo começa nos pés, pois o trabalho básico do pé e do tornozelo é oferecer uma base confiável pela qual a parte superior do corpo possa se relacionar com o plano horizontal da Terra. Pés e tornozelos eficientes devem oferecer um mecanismo para a mudança e para o ajuste contínuos do corpo que está sobre eles. (...) Inversamente, os pés são verdadeiros 'delatores'. Qualquer desequilíbrio nos níveis superiores reflete-se invariavelmente nos pés e tornozelos.
(...) Você já observou pés na praia? Já viu as marcas que eles fazem? (...) Como são suas pegadas? (...) Os carros, assim como os pés, deixam rastros. (...) Cada curva de uma roda não-balanceada desgasta seu eixo e limita necessariamente a vida útil de todo o sistema. É muito semelhante com o que acontece com os pés.
(...) A ordem dos seus vinte e seis ossos é uma chave para uma das funções vitais do pé: espalhar o peso do corpo sobre uma área suficientemente grande para que a pressão de ficar em pé, andar ou correr possa ser distribuída adequadamente. (...) Na verdade, cada pé faz seu trabalho não por meio de um arco, mas por meio de três. (...) Estes transferem o peso e distribuem-no.
(...) Para carregar o peso do corpo, os arcos do pé devem estar estabilizados por músculos muito fortes. Esses músculos são grandes demais para caberem apenas dentro do pé; estão localizados na perna, e sua força é transportada para os arcos através dos tendões fortes. Portanto, o tornozelo não é só uma articulação (dobradiça), mas uma polia para esses tendões em seu caminho da perna para o pé.
(...) Os joelhos, assim como os tornozelos, funcionam de acordo com essa estrutura; como uma dobradiça de porta, eles trabalham melhor e mais economicamente em um plano único de movimento - para frente e para trás. Idealmente, os movimentos de articulação do joelho e do tornozelo devem ser paralelos, e as próprias articulações devem estar centradas uma sobre a outra. Então, o movimento do indivíduo será realmente para frente em linha reta. Seu passo não exige esforço ou desgaste, por isso seu andar é gracioso. Ele não gasta energia puxando ou torcendo qualquer parte de sua perna para movê-la para frente.
(...) Alguma parte anormalmente engrossada é o sinal externo da falta de movimento do músculo. O engrossamento geralmente significa que os fluidos estão se acumulando; músculos imóveis ou sem tonicidade significam que a função de bombeamento, o trabalho fisiológico normal dos músculos, não está sendo executada. Quando os músculos da perna não se expandem e contraem, os fluidos acumulam-se pela ação da gravidade e o resultado é uma perna caracteristicamente sem padrão.
(...) As pegadas de um homem contam toda uma história. Elas informam silenciosamente e discretamente sobre os tornozelos e joelhos, mas gritam sobre os quadris e a pelve.
(...) O efeito psicológico de todos os tipos de problemas do pé é notavelmente concreto: um sentimento inconsciente e profundo de insegurança. (...) E à medida que fica inseguro nessa área, a insegurança propaga-se progressivamente para as outras. Felizmente, nenhum desses problemas desafiadores é irremediável. (...) A maioria dos problemas da perna (pé, tornozelo e joelho) são basicamente mecânicos e portanto reagem a mãos hábeis e aos movimentos direcionais. A segurança volta a ser sentida no corpo."
Kommentare